SÃ DOUTRINA ESPIRITUAL DO SÉTIMO DIA

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Sobre Ulysses Melges

24 de Setembro de 2015

Walmir da Rocha Melges

walmir.melges@gmail.com

sadoutrina.org - Biblioteca Digital - As Colunas do Senhor
 
Introdução
Papai (Ulysses Melges) sempre nos encantou com as histórias da sua vida; sobre as suas peripécias para conhecer o maior número de parentes que permitiu ilustrar a genealogia da Família Melges; sobre a sua infância desventurada e sofrida, em um pequeno sítio no Bairro do Gavanhery em Getulina – do qual restam apenas algumas fotos antigas – em uma família composta de irmãos e vários tios, onde todos labutavam de sol à sol para sobreviver com uns poucos pés de café – até que veio a crise do café na década de 30 e levou os pequenos agricultores à bancarrota – inclusive meu avô Ignácio, que acabou falecendo logo a seguir, deixando uma grande família sob os cuidados de uma segunda esposa, com dois novos filhos; e uma dívida tão grande que, ao ser liquidada no inventário, acabou consumindo o valor da terra cultivada; nada restando para a família; que em apenas alguns anos foi desfalcada da mãe, do pai, e da residência; ficando logo dividida; pois os mais velhos foram procurando, por sua vez, um novo lugar ao sol; em cidades diferentes.

Da morte da mãe; levada para um hospital em Lins, de onde não mais retornou; lembrava-se que quando chegaram no sítio em Getulina para informar do seu falecimento, meu pai já sabia do acontecido, pois havia pressentido a sua morte; como também lembrava-se dos dias difíceis que se seguiram, pois o pai; chefe de uma grande prole, passado algum tempo, decidiu casar-se com sua cunhada; seguindo então uma difícil convivência dos seus filhos, com a madrasta e a perda final; quando ela pegou seus dois filhos – meios irmãos de meu pai; e mudou-se com seus parentes para algum local, que somente anos mais tarde ficamos sabendo ser Presidente Bernardes.

Tudo isto e os anos difíceis que vieram a seguir não foram suficientes para transformá-lo em uma pessoa amarga e de mal com a vida; mas sim, serviram para moldar sua vida em bondade e o incentivou a auxiliar o próximo, como o fez, com parentes, irmãos, conhecidos, e desconhecidos; e então eu e minha irmã tivemos um pai que se revelou um verdadeiro paradoxo, pois ao lado do homem forte, firme, exigente, bravo; tínhamos um pai que em todos nossos momentos de doenças de criança, nos trazia no final da tarde, água Prata mineral gaseificada, peras, maçãs, e nos dizia que aquilo era comida de doentes; premiando-nos a noite com histórias, conversas, e orientações.

Mas as histórias que mais o cativaram e às quais dedicou mais de 50 anos de sua vida foram aquelas registradas na Bíblia Sagrada; na qual se refugiou até o final da sua vida material; após converter-se; quando ainda solteiro e já residente em Lins; por volta de 1946; trabalhando em um açougue que havia sido arrumado para ele pelo nosso primo Álvaro Melges – o qual, como primeiro apascentador de Lins; o ensinou não somente a profissão material, mas também a profissão da fé espiritual.

Sobre nossa Doutrina, papai nos contava que o primo Álvaro (primeiro apascentador de Lins) – com o qual tivemos a oportunidade de conviver por muito tempo, e também aprender com ele; recebeu um dia em sua casa a visita de um tio dele, da Família Prado, que residia em uma fazenda em Garça; onde tinha uma congregação muito firme; o qual ao ver que o sobrinho passava por um longo período de tribulações e doença; o convidou para passar uns dias em Garça; de onde Álvaro retornou; já convertido; e decidido a constituir uma congregação para Lins; o que foi cumprido e realizado em pouco tempo; convertendo muitas pessoas – inclusive meus pais; e formando uma congregação muito firme, de uma doutrina que era conhecida, naquela época, em nossa região, como Crente Espiritual.

Ulysses Melges nasceu em Jaú em 19.07.1916, e em 1946 se converteu e foi batizado na doutrina, na qual professou sua Fé em Deus e aceitou o Nosso Senhor Jesus Cristo como seu salvador – e o nosso também. Seu casamento foi realizado na doutrina (25.12.1948), na qual fomos (os filhos) batizados na medida do nosso nascimento (Walmir 19.06.1949 – Edith 11.06.1954); na religião conhecida como Crente Espiritual. Com o falecimento do Álvaro Ulysses o substituiu na Apascentação do nosso rebanho até o final dos seus dias em dezembro de 2003.

Álvaro o chamou determinado dia no quarto onde já estava doente há mais de 6 meses e lhe disse: Ulysses, meu tempo terminou. No dia do meu enterro você reune a congregação à noite e presida a Caridade por mim. Informe que à partir do outro dia a congregação deverá se reunir na sua casa sob a sua presidência.  Naquela madrugada Álvaro, homem dotado de um grande conhecimento religioso e fé imensa, foi embora e à noite na caridade ele já se manifestou e confirmou que estava bem indicando que já havia passado a presidência para Ulysses, e assim, isto foi o que ocorreu. Aquela noite reservou muitas surpresas para todos nós e quando Álvaro se manifestou todos, sem exceção, choramos. Álvaro Melges naceu em 1903 e faleceu em 08.09.1964.

Naqueles anos, muitos do jovens quando se tornavam mais velhos já estavam indo para a faculdade, outros ido embora de Lins em busca de novas oportunidades de emprego e ficamos nós - os mais novos - e os mais velhos. Éramos muitos parentes na nossa congregação e com o passar dos anos os mais velhos foram ficando doentes, muitos sem forças para se locomover, isto em uma época que não existia ônibus e dificultava os que residiam na outra ponta da cidade. Mais uns anos os da minha geração também foram para outras cidades. Me lembro da Irmã Benedita que já era muito velhinha, a qual atravessava a cidade à noite para vir congregar. Ela residia na Vila São Benedito, um morro que descia até o Rio Campestre e nós no outro extremo da cidade na Vila Garcia no topo de outro morro, distante cerca de 4 km um do outro.

O único que possuia um carro era o Álvaro, um furgão, o qual nos dias mais frios e de chuvas levava a irmandade embora depois do culto.

Somente após a passagem do meu pai em dezembro de 2003 e minha mãe em abril de 2004, é que fui descobrir que a nossa Doutrina havia adotado o nome de Sã Doutrina Espiritual do Sétimo Dia, e que havia sido conhecida como Crente Israelita e ainda outros nomes.

A foto a seguir é de Ulysses Melges em 1947, logo após ser batizado como crente espiritual.
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