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As Lideranças Cristãs

24 de Janeiro de 2018

José Fatuch Júnior

fatuch@uol.com.br

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Desafios Para as Lideranças Cristãs


HARMONIA ENTRE SI E COM OS CRENTES ESPIRITUAIS
     
Nos tempos da internet e da extrema agilidade nas comunicações, quase sempre estamos recebendo notícias sobre crises de lideranças, que atingem vários segmentos da sociedade, em prejuízo da justiça e da fraternidade.
     
Isso, porém, não deve ser novidade para cristãos conhecedores das palavras dirigidas por Paulo a seu discípulo Timóteo (II Timóteo 3.1-5), onde já se previa a incidência de muitos desvios éticos no comportamento dos homens. Quando essas pessoas assumem posições de liderança, então, a degeneração tende a se espalhar, devido ao seu poder de persuasão e aos maus exemplos que muitos são influenciados a seguir.
     
Fizemos essa rápida introdução porque todos nós somos ou seremos condutores de uma ou mais pessoas (e, portanto, líderes), ao menos em algumas ocasiões de nossas vidas, em ambientes profissionais, escolares, religiosos, familiares, etc.

Aliás, em qualquer tipo de ajuntamento humano, mesmo em encontros virtuais, sempre despontam pessoas com a intenção e a capacidade (preferencialmente) de orientar e guiar o grupo na busca de objetivos supostamente comuns.

Acontece que, a partir daí, costumam surgir problemas diversos na relação entre as pessoas envolvidas (líderes x líderes e líderes x liderados), dentre os quais queremos destacar o seguinte: Nem sempre as intenções e objetivos dos líderes são de pleno conhecimento dos seus seguidores, que podem ser até iludidos em suas pretensões.
     
Algumas lideranças são impostas, por meios legais no caso de autoridades ou por atos de nomeação, quando se tratar de chefes e gerentes de empresas públicas ou privadas, por exemplo. Há também aqueles líderes que são eleitos pelo povo, no caso dos representantes da classe política, ou designados mediante algum critério previamente estabelecido, como ocorre em instituições religiosas.

Apesar disso, os ocupantes desses postos formais poderão enfrentar dificuldades para obter sucesso em suas carreiras, caso não consigam atuar como verdadeiros líderes junto ao grupo que representam, pois dependerão da força do cargo para impor a sua vontade, o que não garante resultados satisfatórios.
    
Ressalte-se, porém, que nem todas as lideranças inseridas nas comunidades são investidas de poderes formais. Muitos líderes são guias naturais de grupos informais, mas nem por isso demonstram menor capacidade de liderança. São considerados líderes de fato e não de direito.

Aqui estaremos tratando prioritariamente das lideranças e relacionamentos nos meios Cristãos, começando por considerar que, em uma comunidade ou organização Cristã, mais do que em qualquer outro ajuntamento, deve prevalecer uma convivência harmoniosa entre os seus líderes, entre os seus membros e também na relação entre lideranças e seguidores, embora isso talvez não seja tão simples quanto parece.

Desde a divulgação dos mandamentos e passando por incontáveis passagens bíblicas, o Senhor DEUS não deixou dúvidas quanto à supremacia do amor ao próximo na lista de atributos indispensáveis a todo aquele que pretenda se declarar crente e isso ficou ainda mais evidente após o início da pregação de Jesus Cristo, na qual o tema se tornou predominante (Vide Mateus 22.34-40).

É bom lembrar, contudo, que há fortes distinções entre as naturezas dos seres humanos, tornando muito difícil a conciliação dos diferentes entendimentos e expectativas pessoais, mesmo se levarmos em conta as orientações divinas e cristãs relacionadas com o amor ao próximo e outras qualidades espirituais desejáveis.

Justamente por causa dessas diferenças é que se fazem necessários esforços individuais em busca da harmonização na convivência entre as pessoas, quaisquer que sejam as posições que estejam ocupando ou os contextos sociais em que se acham atuando (governos, meios empresariais, comunidades cristãs e famílias, entre outros).

Toda relação que se pretenda harmoniosa apresenta algumas exigências fundamentais para que demonstre sustentabilidade, ao longo do tempo e através das dificuldades que devam ser enfrentadas e vencidas.

Inicialmente trataremos da interação entre lideranças cristãs, cujo sucesso, a nosso ver, demanda alguns posicionamentos (sentimentos, posturas, práticas) das partes envolvidas, entre eles espírito colaborativo (não competitivo), confiança mútua, aceitação das diferenças já comentadas anteriormente, disposição para o diálogo, renúncia a interesses pessoais em favor da causa comum, consciência da falibilidade dos projetos do homem e uma indispensável dose de humildade.

Para exemplificar a importância do entrosamento entre as lideranças, recorremos ao Antigo Testamento (Êxodo 17.8-16), para recordar a passagem em que Moisés, do alto de um monte, procurava manter suas mãos elevadas em direção aos guerreiros de Israel que combatiam, sob o comando de Josué, contra um inimigo poderoso. Por tratar-se de uma posição muito cansativa para o corpo humano, o líder precisava baixar os seus braços de vez em quando e, logo após realizar esse movimento, os contrários passavam a prevalecer na contenda. Foi quando Hur de um lado e Arão de outro resolveram segurar os braços de Moisés constantemente com as mãos levantadas em direção ao local da batalha, que acabaria sendo vencida por Israel ao final da tarde.

Mesmo com todo o poder concedido por DEUS, o Profeta não foi capaz de, sozinho, induzir os seus à vitória. Precisou da ajuda de seus companheiros, que não mediram esforços para apoiá-lo, apesar de saberem que faziam papel de coadjuvantes. Imaginem se faltasse harmonia entre os líderes que subiram ao monte naquele dia ou se um deles se esquivasse de ajudar os demais, sob um pretexto qualquer. Os Israelitas poderiam sofrer uma grave derrota e Moisés seria, mais uma vez, bastante cobrado pelo povo.

Vejamos que o ser humano não é e nunca será perfeito, embora seja uma de nossas obrigações, como cristãos, buscar a perfeição que revestiu o Senhor Jesus. Dessa forma, seremos sempre dependentes uns dos outros. O próprio Moisés não foi capaz de conduzir o povo sozinho, sendo necessária a atuação de Aarão como seu porta-voz.

E se trouxermos esta situação para dentro de nossos lares, onde ocorre uma espécie de revezamento, entre o marido e a mulher, na liderança da família? No enfrentamento de dificuldades será sempre indispensável o auxílio mútuo para que as mãos, ou seja, os ânimos permaneçam firmes. Da mesma forma quanto à direção de uma igreja, onde os presbíteros são extremamente dependentes uns dos outros. Ou, ainda, na condução de reuniões de jovens, mulheres e crianças.
     
A seguir discutiremos a relação entre líderes e liderados, especialmente no ambiente religioso cristão. Todos nós sabemos que são muitas as atribuições das pessoas designadas para algum cargo religioso, inclusive na área administrativa, além daquelas atividades típicas de uma ocupação clerical. Quando o acúmulo de ocupações começa a prejudicar o desempenho do responsável por alguma área, faz sentido ele recorrer ao auxílio de outras pessoas devidamente qualificadas para a realização de algumas tarefas.

Um bom exemplo disso pode ser encontrado no própriolivro de Êxodo (cap. 18), em que se observaram as primeiras ações no sentido de delegar poderes entre os judeus. Em visita ao seu genro, o sogro de Moisés percebeu que ele ficava até um dia inteiro à disposição do povo para julgar as suas demandas e os próprios interessados também precisavam ficar horas à espera da sua vez para serem atendidos. Mesmo não sendo hebreu, Jetro aconselhou Moisés, orientando-o a distribuir parte de seus afazeres para pessoas de sua confiança, escolhidas entre as mais capacitadas do povo. Assim, foram nomeados chefes de 10, de 50, de 100 e até de mil, para que, conforme as suas alçadas, resolvessem as questões de menor complexidade, restando para Moisés apenas as demandas com maior grau de dificuldade para solução.

Mais uma lição a ser aprendida é que a delegação de poderes tem duas regras básicas que são: primeiramente deve haver confiança nas pessoas delegadas, de forma a dispensar a presença ou a atuação ostensiva do líder, embora este continue a deter a responsabilidade pelo resultado dos atos; em segundo lugar precisa-se aceitar que os resultados sejam obtidos através de ações e providências que não sejam exatamente iguais ou mesmo semelhantes àquelas que seriam adotadas pelos detentores do poder.

Imaginem se Moisés passasse a conferir e a remendar todas as considerações ou decisões tomadas pelos seus prepostos? Estes ficariam desautorizados diante do povo e todo o tempo em que trabalharam seria perdido. Isso não quer dizer que se deva abandonar o acompanhamento, mas sim que o funcionamento da política poderia ser aperfeiçoado com apenas algumas observações jugadas indispensáveis e não através de intervenções constantes e diretas da liderança principal. Porém, a escolha deve recair sobre pessoas capacitadas para o desempenho da missão, além de confiáveis.

Outra virtude frequentemente observada nas boas lideranças é que jamais se tira a esperança de qualquer membro do grupo que esteja buscando caminhos corretos. Se nem Jesus, diante dos mais variados casos com que se deparou agiu de forma a condenar as pessoas, quem somos nós para fazê-lo?

Em um exemplo emblemático, que poderia ser encarado como um alerta a cada de nós de forma individual, as cartas às Igrejas da Ásia seguiam padrões bastante utilizados pelas verdadeiras lideranças atuais, a saber: Iniciavam-se destacando o tipo de comportamento demonstrado por determinada igreja, avaliando o seu desempenho, de acordo com as orientações transmitidas nos evangelhos. Depois, elogiavam ou repreendiam seus condutores, conforme o caso, e por fim incentivavam os destinatários a buscar o cumprimento da lei do amor, prometendo maravilhas aos que se dispusessem a seguir suas recomendações.Todas disponibilizavam oportunidades de arrependimento para os infratores.

Na verdade, Jesus Cristo foi o maior exemplo de boa liderança de todos os tempos, mesmo sem qualquer designação formal, e até hoje é citado por muitos escritores que tratam do tema. Outra reflexão sobre os métodos de evangelização de Jesus é que ele lançava mão de exemplos relacionados com as principais atividades da época, como a agricultura, a pesca e a pecuária, sendo que atualmente podem ser utilizadas situações vinculadas a áreas mais atuais, como a administração, a empresarial e a profissional, entre outras.

Com a plena adoção das atitudes e posturas acima descritas, toda uma comunidade ou organização e seus participantes se beneficiam de bons frutos como superação de desafios, melhoria de rendimentos, paz e harmonia, aprendizado e crescimento dos membros convocados para auxiliar os líderes e muitos outros. Porém, tudo isso exige uma contrapartida dos liderados, membros ou seguidores do agrupamento, motivo pelo qual passaremos à última fase deste nosso estudo, aquela em que analisaremos ações positivas e negativas por parte do pessoal comandado.

Na delicada relação entre lideranças e liderados, registramos uma conhecida tentativa de usurpar a posição de Moisés, provocada por Coré, Datã e Abião, sendo que o resultado acabou sendo catastrófico para as famílias dos revoltosos, conforme relatado em Números 16.30. Em outra ocasião, relatada no livro de Números 12, um início de contestação quanto à posição ocupada pelo Patriarca, por parte de Aarão e sua irmã, foi motivo da ira do Senhor, pois Moisés era o seu ungido.

Desses dois episódios extraímos ensinamentos valiosos; o principal é que devemos demonstrar muito respeito para com líderes e autoridades, constituídas legalmente ou mediante desígnios religiosos, pois DEUS não gostou e não gosta de rebeliões desse tipo. O Rei Davi, então um jovem guerreiro, sabia muito bem disso quando se eximiu de atacar o Rei Saul, embora as circunstâncias o induzissem a assumir o poder, por tratar-se de um ungido do Senhor.

O próprio Jesus Cristo foi e orientou seus discípulos a serem respeitosos perante os superiores. Paulo conclamou seu pupilo Timóteo a realizar orações por reis, governantes e pessoas em eminência, para houvesse paz no meio do povo (Ver Timóteo 2.1.3).

Assim, podemos elencar algumas atitudes desaconselháveis por parte dos seguidores de qualquer doutrina Cristã em relação aos seus superiores, quais sejam; o desafio gratuito às lideranças, má vontade em prestar colaboração se necessário, falta de compreensão quanto ao fato de que os líderes são pessoas sujeitas às mesmas dificuldades com que qualquer um de nós costuma se deparar, exigência de que sejam apresentadas soluções satisfatórias para todas as problematizações (e tais soluções tendem a ser consideradas satisfatórias apenas se vierem ao encontro de suas próprias ideias, na maioria dos casos).

Os resultados vinculados a tais comportamentos só podem ser intrigas, perda de tempo de ambas as partes, maus resultados nas interações, divisões, enfraquecimento do grupo, etc.

Para encerrar, reiteramos a importância de sermos agradecidos e dedicarmos orações em favor daqueles ou daquelas que nos lideram nas obras e atividades relacionadas à doutrina Cristã, reconhecendo o seu esforço em prol da pregação e da divulgação da palavra de Deus e dos ensinamentos de Cristo. Os familiares e as pessoas próximas às lideranças também são submetidos aos sacrifícios típicos das iniciativas comunitárias e por isso merecem todo o nosso respeito e reconhecimento. É fácil de perceber o quão cansativas são as rotinas dos cônjuges, parentes e amigos mais íntimos daqueles que desempenham algum papel de comando. São sempre os primeiros a chegar e os últimos a sair de qualquer evento, pouco aproveitando as oportunidades ali proporcionadas.

Confira esta palestra em vídeo:

http://sadoutrina.org/videos/5o-encontro-de-lideres/

 
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